Escrever com sono e escutando Tom York, que às vezes parece mais um gato escaldado miando é complicado, mas, todavia vamos lá...
As aventuras no deserto estão com os dias contados, graças a Alah.
Fred foi pra Muscat em troca de paz, tranqüilidade, bom salário, rehab e foco na vida profissional, já que minha experiência foi deveras requisitada.
O que encontrei em Muscat foi um inferno com areia.
Tive problemas com as poucas pessoas que tentei fazer amizade. Conto três bons colegas que podem-quem-sabe-um-dia virar amigos. (não está nesta conta a fofa de hospício da Embaixada Brazuca que conheci) O resto quer meu fígado (que já não vale muito) com tabasco, curry e leite de camelo na encruzilhada mais próxima. (acredito que tenha feito muitas referências ecumênicas nos meus posts, será a hora de virar o disco?)
Tive problemas com a família vizinha ao lado pelo fato de dançar sozinho no meu quarto com a janela semi aberta, por deixar as janelas abertas e ficar sem camisa num dia ensolarado, fazendo faxina. O problema chegou até a polícia!
Tive problemas com a empresa que não cumpriu com dez por cento do contrato assinado, o que me fez entrar com um processo na corte local contra a tal empresa. Tive uma discussão fervorosa, (que parecia mais uma sessão axé-na-mesquita) com os donos da empresa. Vi-me por um momento enforcado por uma naja, queimando no mármore do inferno. Tive medo de virar Jean Charles das arábias. Só os pormenores desta desavença entre Fred e Empresa rendem um livro. Com o tempo vou contando pessoalmente pra quem tiver que contar.
Tive problema nos rins. Fugi a vida inteira da matemática - enquanto no colégio – e hoje trabalho com engenharia e ganhei um cálculo, renal!
Tive problemas com a imigração e tive que pagar multa por sair do país com um dia de atraso e visto vencido – nada que uma multa de dez Rials não resolvesse. A culpa foi do processo judicial, quee no final não necessariamente me prejudicou em retornar ao país ou sequer nos tramites na corte.
Tive problemas com os taxistas e com todos os demais que me encheram o saco perguntando no mínimo três vezes por dia se eu sabia jogar futebol.
Tive o surto de aguardar o resultado do julgamento da minha ação em Berlin, (de volta a vida mundana da qual pertenço), de desistir da Ilha do Sol e seus camelos e de voltar para a querida Terra de Vera Cruz quando conveniente (espero que não pague língua e volte pra Muscat, sou um pagador e tanto, de língua!).
Agora estou em Doha, sentadinho no chão do aeroporto, onde aguardarei por mais 7 horas meu vôo pra Berlin, na bela companhia de um maluco russo bêbado que parou para gritar, obviamente, ao meu lado.
Meu lap top está conectado à internet (full connection), mas não tenho acesso. Coisa das arábias.
ps: este post está atrasado alguns dias. não tive tempo de upload it until today. Estou em Berlin desde terça última e putz.. perdi a conta das histórias que já passadas..